" CUIDADO DE SI, CUIDADO DO OUTRO "
por Paula Delecave
/ / / ARTES VISUAIS
Dar a ver às outras pessoas sua memória é uma forma de trazê-la novamente para perto de si e de nos dar a ver ao outro. Falar dessas memórias é estarmos acompanhadas por elas. Ao compartilharmos nossas memórias com práticas poéticas, com a nossa voz, com canções ou com colagens/desenhos, partilhamos nossos passados num presente coletivo.
Através de práticas que estimulem o ato de lembrar, seja pelos cheiros, por canções, fotografias ou mesmo pela re-criação dessas memórias em colagens usando diferentes ferramentas (carimbos, papéis, lãs, tintas, etc), criamos formas de partilhar nossa história com o coletivo onde estamos inseridos, evocando outros que não estão ali. Assim, de alguma forma, revivemos, recriamos momentos e sensações que nos expõem e nos revelam, podendo estabelecer um chão comum entre a coletividade onde estamos inseridos.
Ao final da prática poética, propomos a criação de uma exposição dessas colagens-produções de memórias, com o objetivo de valorizar a experiência e a singularidade de cada um, em um movimento de escuta, partilha, acolhimento, cuidado e interesse pela história do outro.
“ Despertar Memória ” – roda de conversa
/// Duração aprox.: 40 min.
/// Máximo 8 pessoas (3 a 5 minutos de fala para cada um).
/// Materiais:
- Envelopes, um para cada participante, com 2 cópias de foto (como, por exemplo: paisagens, casas, campos, aniversários, carrinhos de bebê, crianças com velocípedes e bicicletas, fotos de casamento) e um elemento de algo que desperte: o olfato (ramo de alecrim, rosmaninho, folha de eucalipto ou parreira, papel com gotas de perfume, etc); e o tato (fio de lã, casca de alho, palha, semente)..
- Papéis coloridos e caneta mais grossa para anotar as respostas de acordo com o assunto: cheiro (amarelo), sons (azul), sabores (laranja), lugares (verde).
- Um computador portátil, telemóvel, ou tablet e caixinhas de sons portáteis para tocar uma playlist com músicas que despertem memórias dos presentes.
Essa prática consiste em uma roda de conversa onde são oferecidos estímulos sensoriais comuns (cheiros, imagens, canções) a cada um dos participantes. O objetivo é, de forma gradual, criar um ambiente acolhedor e estimulante para a partilha de memória. É importante que o mediador estimule com perguntas sobre as memórias despertadas, mas ao mesmo tempo, não tenha pressa e deixe que cada um participe em sua medida. Puxar os fios das memórias, mas deixá-las vir no tempo e possibilidade de cada um. Se sentir necessidade, aproximar-se de cada um quando este estiver falando. Dar a escuta a cada um e, se possível, anotar as respostas em cartolinas pequenas coloridas, associando a memória ao nome de cada um.
"Colagens De Memórias” + exposição "mural de afetos"
/// Duração aprox.: 20 min.
/// Máximo 8 pessoas.
/// Materiais:
- Lápis, borracha, tesouras e colas.
- Papéis coloridos, jornais, revistas
- Pedaços de tecido, lãs, folhas de árvore, etc.
- Mesas e cadeiras (poderão ser partilhadas a depender do tamanho das mesas)
A ideia nessa prática é recriar em colagem, desenho, carimbo ou pintura (como cada um se sentir mais à vontade), uma memória importante de cada participante, usando uma fotografia ou cópia de fotografia sua, previamente escolhida.
exposição "mural de afetos"
Ao final das duas práticas, cada participante é estimulado a expor, colar o seu trabalho de colagem, assim como as cartolinas coloridas com as memórias anotadas da prática I, em uma parede, quadro, superfície limpa. O fato dos trabalhos serem expostos ressignifica o espaço, valoriza cada participante e cria interações com as demais pessoas que utilizam este espaço, sejam eles profissionais, parentes ou demais utilizadores/moradores desse espaço. Constitui-se uma espécie de mural dos afetos.
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