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" CUIDADO DE SI, CUIDADO DO OUTRO "
por Gustavo Ciríaco
/ / / DANÇA
Desde os bailados da corte francesa, saber dançar era fundamental para se estar com o outro. Nos bailes dos nobres, os casais avançavam em desfile, um a um dançando perante a corte e o olhar paisagem do Rei-Sol, Luís XV. Os pares uniam-se no baile, um apoiando o outro, neste encontro entre coreografia e arquitetura, entre os passos e o salão de danças.
São dois pra lá, dois pra cá. Assim segue o baile. A dança em par sempre teve esse caráter do cuidado de si e do outro. Ao se avançar pela pista de dança, cada par o faz em cumplicidade, em uníssono. O prazer e aventura nas pistas de dança depende sobretudo de se estar atento ao outro, ao seu ritmo, seus espíritos, ao seu swing. Uma verdadeira parceria é feita assim, passo a passo. Olho no olho, pé a pé.
O que percebes quando vês alguém? O que percebes primeiro quando a vês?
O rosto, o corpo, as mãos, os pés?
O modo como ela move a cabeça, as pernas, o remelexo?
O que consegues perceber estando ao meu lado?
E de costas para mim, como imaginas que eu esteja?
Se eu me mover pela sala, consegues imaginar os desenhos deste meu passeio pelo espaço?
Consegues te imaginar a me copiar?
O cuidado com o outro passa por este primeiro passo fundamental: perceber o outro, notar a sua presença. Ao reconhecer a sua existência, percebemos a sua identidade, a sua singularidade. O que nos parece familiar e o que nos parece diferente.
Nesse encontro com o outro que nos vê, que compartilha o nosso presente, nosso aqui e agora, é que percebemos os nossos contornos, e assim a nossa própria existência e identidade. É um diálogo. Uma espécie de dança dois a dois. Uma dança em par começa assim: dar atenção, prestar atenção, estar atento ao outro que se move contigo. Cuidas de si enquanto cuidas do outro, e vice-versa. Uma via de mão dupla.
Nos tempos pandémicos que correm, este encontro tão fundamental para boa saúde da convivência social, entre nós e o outro, tem sido adiado ou modificado para se atender a medidas sanitárias e estarmos todos seguros. Como seguir dançando com o outro em segurança e, apesar da distância, manter o cuidado de si e do outro, tão fundamentais em uma dupla de dança? Começamos com a nossa imaginação.
/// colaboração: Gui Garrido
“Sem cerca”
/// Duração aprox.: 15 min.
/// Materiais:
- 1 ou 2 folhas A4 para cada criança.
- Lápis nas cores azul, preto, vermelho e verde.
Já reparastes no chão onde já dançastes? Era por acaso liso? Ou era rugoso? Como ele era? Consegues te lembrar? Era de madeira corrida, parquet, cimento ou azulejo? Tinha padrões desenhados? Era retos, em diagonal ou em xadrez? Deslizavas pelo chão ou o teu pé agarrava? Poucos sabem, mas o chão de madeira com tacos em padrões geométricos, o famoso parquet, tornou-se popular graças ao chão de baile do, nem mais nem menos, Palácio de Versalhes, em França, em 1684. Os padrões dos pisos do salão de baile eram verdadeiros mapas de dança onde cada um movia-se e guiava-se por ele. Lá eram todos espectadores e participantes.Vamos fazer o nosso chão de danças?
“Sem cerca, nem muro”
/// Duração aprox.: 30 min.
/// Materiais:
- Fitas isolantes nas cores preto, azul, vermelho e verde (8 fitas de cada cor). Na ausência de fitas isolantes, o giz de cor poderá ser usado em caso de chãos escuros.
- 1 Tesoura (apenas para o uso do professor).
- Lápis de cor em quantidade suficiente para os educandos participantes.
- Marcador nas cores das fitas usadas, na ordem de apenas 1 para cada criança.
- Papel cenário – 8 m ou em quantidade suficiente para cobrir a área de trabalho (Mínimo – 3m x 4m, Máximo – 5m x 6m).
- 2 rolos grandes de fita de papel
Nesta prática iremos experimentar criar um mapa de dança para dançarmos juntos e separados. Vamos desenhar no chão este mapa, com a ajuda de 4 cores. Cada um poderá usar apenas uma cor das que usamos: azul, vermelho, verde e preto. Uma vez desenhado o mapa, vamos usar as suas linhas como guias para uma dança, porém apenas poderemos pisar onde houver linhas. Vamos a isso?
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